Victor Marcondes
Formação de borra, consumo excessivo de lubrificante, desgaste prematuro, instabilidade da pressão e mau funcionamento dos tuchos de válvulas são alguns dos problemas que o veículo pode apresentar quando não é feita a manutenção do óleo lubrificante do motor.
No entanto, com tantas variedades de produtos e preços no mercado, somadas às diversas exigências determinadas pelas montadoras, é muito importante que o reparador esteja atento na hora de realizar o procedimento de substituição, escolhendo o produto correto, além de seguir rigorosamente as orientações contidas no manual do proprietário.
Os fabricantes recomendam que o mecânico conheça muito bem as especificações dos lubrificantes disponíveis no mercado, assim como as exigências de cada marca e modelo de veículo. Isso, com certeza, ajuda muito na hora de selecionar o produto, além de possibilitar o esclarecimento de possíveis dúvidas do cliente. E você, sabe do que é composto um óleo lubrificante?
"Os óleos lubrificantes são compostos por uma mistura de óleos básicos (bases) com um 'coquetel' de aditivos. As bases podem ser de origem: mineral, sintética ou mista (mistura de bases sintéticas com minerais). Já os aditivos são produtos químicos capazes de acrescentar ou reforçar determinadas características desejadas e atenuar as indesejáveis", explica o engenheiro Fernando Landulfo, docente do SENAI Vila Leopoldina.
"Os principais aditivos utilizados em óleos de motor são detergentes, modificador de índice de viscosidade, dispersantes e antidesgastes", complementa Fabiana Rodrigues, especialista em lubrificantes da Shell. A técnica diz que existe um produto específico para cada veículo e que antes de qualquer decisão, o manual do proprietário deve ser consultado, para que o reparador possa identificar o composto ideal.
Um dos critérios usados na hora da escolha são as classificações de desempenho (API / ACEA e/ou especificações próprias das montadoras) e de viscosidade (SAE). "No Brasil, por exemplo, os lubrificantes de alto desempenho mais utilizados são API CH-4 ou CI-4, ACEA E5 ou E7 e SAE 15W40", diz Fabiana.
De acordo com diretor técnico da Castrol, Haydeu Queiroz, existem três classificações em que se dividem os fluidos básicos (bases). A primeira é a mineral, que possui ótima capacidade de lubrificação, porém é menos resistente a altas temperaturas por ser de origem natural. A segunda é a sintética, fabricada em laboratório, o componente tem uma excelente capacidade de lubrificação e resistência à oxidação (envelhecimento prematuro do óleo), além de se comportar muito bem em temperaturas extremas. E, por último, os semi-sintéticos, que em geral, possuem características intermediárias entre os óleos mineral e sintético."Apesar de mais caros, os sintéticos compensam na redução com os gastos de reposição de peças e manutenção do motor a médio e longo prazo. Este tipo de óleo mantém suas características praticamente inalteradas durante seu uso, enquanto os de base mineral, com o passar do tempo, tendem a não proteger e limpar o motor como no início", explica Queiroz.
Período de troca
Entretanto, o reparador não pode atrelar a eficiência dos fluidos sintéticos com a possibilidade de ampliar o prazo da troca. Esse lubrificante, apesar de possuir qualidade superior aos minerais, deve ser substituído dentro do período exigido pelo manual do fabricante do carro. "A substituição está relacionada com a classificação de desempenho do produto e não necessariamente pelo seu material. Sendo assim, não é possível prolongar o tempo de manutenção apenas por se utilizar um produto sintético," alerta Fabiana.
Nos casos em que a substituição do lubrificante não é feita no prazo determinado ou com especificação diferente da exigida, o coordenador de Relações com Fabricantes da Mobil, Celso Cavallini, afirma que "o óleo pode perder parte de suas propriedades, ocasionando sérios danos às peças do motor".
No caso da mistura entre dois lubrificantes diferentes, "é preciso verificar se os produtos são compatíveis, já que, caso ao contrário, isto pode acarretar problemas na lubrificação", orienta Queiroz da Castrol.
Outra dica importante é a substituição do filtro toda vez que houver a troca do óleo de motor. Esse
componente é responsável por reter e acumular partículas de sujeira e, caso não seja substituído, pode contaminar o novo lubrificante, provocando graves danos ao conjunto. "No passado, as montadoras indicavam a mudança do filtro a cada duas trocas de lubrificante. Atualmente, elas exigem a substituição sempre que for colocado um novo óleo", explica Izabel Tereza Lacerda Dutra, coordenadora de Combustíveis e Lubrificante da Petrobras.
A substituição do óleo lubrificante deve ser realizada em local apropriado. Izabel recomenda que o profissional tenha um box de lubrificação e certifique-se que o produto aplicado é exatamente o solicitado pelo fabricante. Além disso, deve-se dar o destino correto ao óleo descartado.
Não existe a necessidade de equipamentos especiais para este tipo de serviço. No entanto, alguns veículos exigem ferramentas específicas. O assessor de Lubrificantes da Ipiranga, Hugo Bezerra da Silva, conclui: "apesar de a operação de troca de óleo ser tecnicamente simples, deve-se atentar para os veículos que requerem a utilização de ferramentas especiais (genuínas do fabricante, etc), e nesses casos, não realizar a operação caso o mecânico (ou oficina) não possua tais ferramentas".